terça-feira, 3 de maio de 2011

No Brasil, 55% das pessoas em cidades assistem filmes piratas

Com mais da metade da população urbana do Brasil assistindo a filmes piratas, segundo pesquisa da MPAA (Associação Cinematográfica dos EUA), a indústria cinematográfica no país encara um mercado difícil, mas ao mesmo tempo promissor.

Gostaria de destacar 3 matérias do Diógenes Muniz, da Folha.com, que tratam sobre o assunto.

55% da população urbana vê filmes piratas no Brasil

A MPAA representa os maiores estúdios do mundo e se interessa pelo assunto que por consenso traz resultados negativos para a indústria, diminuindo a sua rentabilidade e lucratividade. Pirataria é atualmente ruim para a indústria e no futuro pode ser ruim também para o consumidor (caso perca-se qualidade e oferta de produto, devido a falta de capital para quem trabalha regularmente com entretenimento).

A pesquisa foi feita em diversos países, e apesar de ainda não divulgados muitos dados, acredito que em proporções diferentes em todos os países percebemos uma alta participação da pirataria no consumo de entretenimento.

Como atuar neste difícil mercado, desenhado por um comportamento do consumidor que corrói a lucratividade deste negócio?

Muitos representantes da indústria e a própria MPAA, ainda persistem em focar o ataque ao negócio da pirataria e parecem se esquecer que este comportamento também vem do consumidor (afinal, sem clientes não há vendas). Quando leio a entrevista "Democratizar a cultura não é nosso interesse, diz vice-presidente da MPAA", percebo que alguns argumentos usados por estes podem ser até antagônicos. Não tive acesso a pesquisa integral para saber se há ou não questões sobre os motivos que levam  ao consumo pirata, porém vamos supor que para a maioria seja por que não possuir condições financeiras de consumir um filme na forma regular (Cinema, DVD, TV). Se estas pessoas não possuem capacidade financeira para consumir este tipo de produto, não são o público-alvo, por que então combater a pirataria já que não se objetiva democratizar a cultura ganhando maior mercado?

Isto é só uma suposição, pois percebo que o foco no combate a pirataria visa muito mais garantir uma rentabilidade curta deste dinheiro que é perdido pela indústria, visando recuperar a margem de lucro que é corroída face aos novos cenários, e não para uma solução a longo prazo que adéque as ofertas da indústria ao comportamento de seu consumidor.


Por fim, na matéria Indústria cinematográfica demora para se mexer, dizem especialistas percebo um pensamento congruente com o meu sobre esta questão.

Devemos encarar a pirataria como um problema econômico e que exige estratégias econômicas, de administração, de marketing, de compreensão do comportamento do consumidor, que vão muito além da abordagem política e social de repressão a este comércio (na rua) e comportamento (em casa), que já se mostrou a muito tempo ineficaz se encaminhada sozinha. A ideia é de inclusão e não de exclusão.

Tudo isto acontece ao mesmo tempo em que o audiovisual passa por uma revolução. A diretora Anna Muylaert resume o cenário promissor do audiovisual no mundo "Existe um paradoxo: se de um lado está caindo o número de pessoas que vão ao cinema, de outro está aumentando o número de pessoas que vêem filme. O audiovisual nunca esteve tão poderoso quanto hoje, e um exemplo disso é o YouTube". As produções cinematográficas estão mais acessíveis, a questão em relação a pirataria é em relação a como entregar estas produções de modo que todos saiam ganhando.

Para finalizar, o fato é que eu não sou contra a repressão a pirataria, porém entendo que a abordagem deste problema deve vir junto com políticas sociais por parte do governo e de estratégias diferenciadas por toda a indústria cinematográfica e stakeholders (estúdios, produtoras, distribuidoras, cinemas, locadoras, etc), que devem entender o novo consumidor de entretenimento e adaptar a sua oferta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário